Eoin O'Slattery

Você está no seu trailer, assistindo TV e quase consegue ficar feliz pelo fato do time do seu estado ser campeão da Stanley Cup. Esta sensação dura menos de 1 segundo, pois ao ver os atletas comemorando o título acabava lembrando de você mesmo quando era jovem e da sua curta carreira no futebol americano. “O que teria sido de mim se eu não tivesse perdido as minhas pernas?”. Você se estica para pegar mais uma cerveja para se juntar as outras oito que já tinha tomado quando a transmissão é interrompida. A repórter era conhecida mas a expressão de pavor dela era novidade para você. Você tenta assimilar a imagem do disco voador na TV e prestar atenção no que ela está falando mas o álcool te atrapalha. É quando você começa a ouvir gritos na redondeza de onde seu trailer está estacionado.

Enquanto tento racionalizar o que era aquilo pairando na imagem da TV, bebo a 9ª cerveja num gole só e rolo a cadeira até a janela lateral do trailer e, sem abri-la, abro uma fresta da persiana para ver se consigo identificar os gritos...

"Hic! O que que tá acontecendo!?!"

Alguns moradores de trailer estão correndo para os seus trailers. Quando um deles te vê na janela grita pra você enquanto corre para o trailer dele:

- TENENTE! NÃO PODEMOS PERDER ESSA! ESTAMOS INDO PARA NYC!!!

Levanto a persiana num puxão, abro a janela e grito:

- 'Fred....Freeeeeeeeeed!! ...viado! Me ignorou...'

Fecho a janela e rolo a cadeira de rodas até o volante do trailer, aperto o botão para recolher a rampa elétrica externa enquanto falo entre dentes, temendo pelo meu grau etílico:

- 'Filho da puta!! Quase 270 milhas...espero não ser parado no caminho...'

Saio quase no fim da caravana de trailers rumo a NY.

Você segue a caravana. É quase 1:00 AM. 

Depois de duas horas de viagem eles param em um posto de gasolina perto de Morgantown.

Nesse meio tempo você observou, na TV, as diversas reações da população em NY: muitas pessoas se reunindo perto da ONU onde o UFO continua estacionado e nas regiões mais pobres e sem policiamento muitos saques e informações de um grande fluxo de pessoas saindo da cidade.

Abasteço o trailer no self service imaginando que, numa necessidade de saída rápida diante do incerto UFO na cidade, eu precise sair rapidamente de lá...

- 'Tá na cara que a ONU não guardou vaga no estacionamento para meu trailer! Talvez tenha que arriscar deixar ele em algum lugar nas vizinhanças...'

Resolvo não sair do trailer, tampouco debater o assunto com meus companheiros viajantes. Abro o frigobar e começo a bebericar uma Coors Light...

Você escuta três batidas na porta do seu trailer.

- Tenente?! Você está ai?

Amasso a lata de Coors Light e jogo naquelas tabelas de basquete de criança, que termina numa lixeira logo abaixo, pensando '3 pontos!'

- Tô aqui! Já chego aí...

Rolo a cadeira até a porta do trailer, antes de abrir paro, penso e falo:

- ...quem é!?

Do outro lado da porta você escuta em um tom mais baixo:

- Tenente, reconheci seu trailer pela bandeira! Eu servi com você no Mekong... Operação Sealords, lembra.... meu nome é Aaron!

Abro a porta abruptamente, puxo o Aaron pelo braço passando apertado entre eu e a porta. Desconfiado, boto meio corpo pra fora olhando pros dois lados, retorno e fecho a porta. Girando a cadeira, pergunto:

- Você não foi visto, certo?! E que diabos está fazendo por aqui!?

Quando você abre a porta, percebe que que está o seu amigo Aaron e junto com ele uma menina de 5 anos. 

((quer refazer a ação, ou pretende puxar os dois pra dentro do mesmo jeito))

Puxo os dois para dentro...é madrugada, criança e sereno não dá certo!!

O menino esta com medo, agarrado na perna do homem.

Ele olha para você e presta uma continência meio sem jeito. Enquanto faz isso ele diz:

- É a força do habito Tenente... 

Nisso ele olha para o menino e diz... 

- Filho... este é um grande homem... um herói.. ele salvou muitas vidas.

Respondo:

- Ah! Nem é para tanto...eu era apenas mais um cumprindo ordens! Mas, diga-me...o que faz aqui, no meio do nada?!?

O homem fica um pouco cabisbaixo como se estivesse com vergonha do que fosse te dizer. Ele fala para o filho:

- Filho... vai ali assistir um pouco de TV enquanto o pai fala com o amigo aqui.

Tenente... 

Eles querem tirar o meu filho de mim. Minha ex mulher conseguiu a guarda dele e já acionou a polícia. Minha família mora em Newark, NJ. No meio dessa loucura dos aliens pode ser que tenha policia e que eles me localizem pelo meu carro... o Senhor não daria uma carona para mim até la em seu trailer. Eu sei que está indo para NYC... todo mundo nesta estrada está...

Posso sacar a Beretta e sem chamar a atenção da criança, fazer o cara capar o gato do meu trailer??

(pode fazer o que você quiser... se essa for a sua ação descreva exatamente quais os movimentos voce vai fazer...)

Saco a beretta já engatilhando e falo calmamente apontando para o pai:

- Não vou me complicar com a justiça por sua irresponsabilidade, tampouco te ajudar na fuga. Se retire do meu trailer e faça o que é certo, homem!

O pai se assusta e começa a recuar. Coloca a mão no braço do seu filho (que está de costas) e fala:

- Vem filho... acho que este homem não é mais o herói que era.

Em posição defensiva ele vai saindo do seu trailer. Segundos depois que ele sai você escuta um estouro: "POU!"

Ao mesmo tempo a TV para a programação com um informe especial que OUTRA nave está chegando.

Nem olho pra fora e ignoro o estouro. Começo a dar a atenção ao informe do noticiário.

O noticiário fala de uma nave que se aproxima de Washington. Imagens da Casa Branca cercada pelos militares, muita imprensa. Jogue PERCEPÇÃO.

As cameras estão filmando a barreira de contenção, mas você percebe alguns militares, que estão na parte de dentro da barreira, conversando tranquilamente. Alguns até dão algumas risadas esporádicas. Totalmente na contramão da emoção que o momento coloca.

Meio chocado, falo sozinho apontando pra TV:

- tem algo aí.....TEM ALGO AÍ!!!! Foda-se o comboio, vou seguir viagem!

Ok, você liga o seu trailer e o barulho é facilmente identificado:

- PLAF, PLAF, PLAF.

Seu pneu está furado.