Os Bons e os Dedicados

Relembrando a primeira mensagem :

A vida no Brasil tem sido bem legal.

Embora os colegas da escola lhe chamarem de "Muchacha" no começo tenha sido irritante, sacudir uns colarinhos aqui e ali garantiram que você impusesse certo respeito. Dentro de um tempo curto já havia se integrado com algumas panelinhas e seu entusiasmo os impulsionou a abrir uma gibiteca, relativamente bem frequentada, dentro das dependências do colégio.

Marcos tem feito do QG da polícia sua casa e sua presença é cada vez mais rara, apesar de sempre manter contato telefônico. Detalhes sobre sua missão permanecem um mistério.

As atividades de luta contra o crime estão em alta na vizinhança, as capas do Meia-Hora estão lotadas de fotos de bandidos estropiados e manchetes debochadas em sua maioria pivetes e traficantes sem muita expressão. O jornal até  inaugurou a página "Sem Morcegação" onde publica cartas de leitores queixosos de sinais de violência.

Esses dias algo lhe perturbou muito: uma menina foi parar no hospital (alega-se que o motivo foi seguir o exemplo da Chiroptera) após ter causado um acidente automobilístico de grandes proporções e ser a única sobrevivente. Seu nome é Clara Câncio e de acordo com informações ela está no Hospital Geral de Bonsucesso.

Esse assunto tomou o colégio e você está indo visitá-la.

Ele suspira e solta o ar num longo sopro, olha pra você detalhadamente, caminha pros lados pra te ver por outros angulos, na caminhada chuta a bolsa de sangue, olha intrigado, agacha e pega. Enquanto levanta o sangue jorra pelos tubos ele se atrapalha todo querendo parar o casamento comicamente.

Rio um pouco
-Abra a porta e eu posso te ajudar. Por favor.

-Como que eu vou jogar essa bola para você se você não abre a porta? E como assim não existe mais um lá fora? O que aconteceu?

[Só pra constar ele estava jogando a bola pra fazer quicar contra a porta fechada, ele deixou a bola no "balcão"]

?????? escreveu:

Senhorita Clara, você tem atitude! FENOMENAL!!!

[Enquanto fala vai na direção onde deixou a bola e te entrega a bolsa de sangue quando passa perto de ti, você segura meio que por reflexo]

A gente está... Estamos soterrados por dizer assim.

Incontáveis libras da coisa mais densa que existe. Diz se isso não é inacreditável?

[Ele apoia as costas na porta e começa  a mexer na bola até achar um troço parecido com aqueles pinos que a gente tira pra encher, daí ele aperta e ela vai murchando e ficando como se fosse feita de vários gomos de tangerina]

(/facepalm. Achei que ele estava do outro lado da porta /facepalm)

Dou uma risada
-Você está zoando né?
Encaro ele por um momento
- Não, você não está... O que aconteceu?

-E meu nome não é Clara

A bola murcha até virar um monte de saquinhos vazios e se recolherem pra dentro dum bastão de metal.

Doutor escreveu:

Ah querida, que falta de modos! Prazer, eu sou o Doutor!

Ele aperta uma das pontas e acende uma luzinha na outra, ele focaliza nas manchas de sangue que começam a escorrer como se fossem água, da umas batidinha nas roupas e as alinha (tudo apressadamente), depois ele estende a mão pra te cumprimentar.

-Doutor? Doutor quem?
Aperto a mão dele

- Murcia Álvarez. E não, mas eu conheço esse nome muito bem!
Sorrio muito

Dou uma risada
-Falam um pouco de você sim, mas digamos que é porquê você tem um programa na TV. E não, não sou Brasileira, apesar de já morar aqui a algum tempo.
Coloco a bolsa e o sangue na mesa
-Eu sei, um pouco, quem é Clara Câncio.

Praticamente pulo nele quando ele joga as coisas da minha bolsa na mesa
-Ei! O que pensa que está fazendo?
Quando ele veste a máscara na minha cabeça falo um tanto irritada
-Sim e acho bom você não contar para ninguém!

Ele fica mais eufórico do que já estava e sai da mesa parecendo o urso do pica-pau

Doutor escreveu:

A estante! A estante de livros fugiu de novo!!!

Você tenta juntar suas coisas e vê a capa do jornal que ele arrancou as manchetes parecem aqueles caracteres bugados que saem quando a impressora da erro e a foto principal que era a Clara de cama ta desfocada (mas já estava antes pra não chocar muito)

Olho para ele totalmente confusa mas dou de ombros
-Okay... Algo aconteceu aqui. O jornal não estava assim antes. Doutor, se acalme. Acho que você vai querer saber o quê aconteceu antes de eu encontrar você aqui.

Quando você se vira pra ele o vê arrastando uma estante colonial imponente, de onde saiu não se sabe. Ele vai até a base e arrasta os livros como se navegasse no menu de um tablet, enfia os dedos violentamente num monte de brochuras e puxa com uma força que faz derrubar outras coisas que ladeavam o que pegou.

Vai até a mesa num misto de pânico e desespero e joga o que carregava. Ele se senta em frente a porta recostado no deck de comando onde estava quando se encontraram no começo abraça os joelhos e fica em silêncio. 

Na mesa uns vinte gibis, no topo de cada um em letras garrafais está escrito "OS BONS E OS DEDICADOS". Na capa do que está a frente está uma estória "Soltara em: Encontro Secreto" o desenho de Soltara é a perfeita reprodução da Clara naquela fantasia que usava, os longos cabelos que cresceram depois e uma estrela no peito.

-Ooookkkk... isso está mais estranho ainda. Eu vi ela, conversei com ela... ajudei, acho, ela
Vou mais perto dos gibis
-Pode explicar?

Olho para ele confusa
-Okay... isso não ajudou
Ando até ele e pego ele pelos ombros e o chacoalho
-Para de falar doidera e me diga como eu vim parar aqui e onde exatamente estamos. Onde está Clara Câncio?

Ele olha pra você e vê um pano enchararcado vermelho no teu braço.

[Vamos supor que na hora em que você tirou a bolsa de sangue amarrou uma toalhinha branca que se impregnou totalmente, OK? Toda a adrenalina e estupefação até agora fez ambos ignorarem até agora]

Doutor escreveu:

Caramba! *apontando* Dói?

Eu... Tenho fome! E você?

-Não, não dói. E não, não tenho fome. Quero saber o que infernos está acontecendo. Pare de mudar de assunto. Acredito que Clara Cancio esteja em perigo e que possa colocar pessoas em perigo!

Doutor escreveu:

Besteira! Qualquer conversa é melhor quando se está fazendo uma boquinha, não é?

Você não saberia preparar aquelas iguarias Mexicanas, saberia? Ou alguma coisa Brasileira? Ou algo México-brasileiro? Hmmmmm...

Ele puxa uma anilha do painel de controle parecida com aquelas coisas de acionar motosserras, você ouve barulhos de engrenagens *klang, klang, klang* e do lado oposto a porta da "cabine telefónica" numa parede com um anel gigante de metal uma espécie de porta abre como a de um cofre redondo de banco daqueles filmes ha não ser que ela é uma porta de correr.

Doutor escreveu:

Eu conheço sua história e você conhece a minha. De uma maneira obtusa, minha querida, somos como velhos amigos.

Você só precisa me explicar em que ponto da trama você está e eu só preciso te dizer que tempo não é problema pra mim, não é mesmo?

Então eu ajudo com seu problema se, quem sabe por acaso, você puder me ajudar com o meu. Ou teremos algumas eternidades para nos tornarmos grandes amigos

-Não sei não. E eu não sei explicar em que ponto da trama eu estou, apenas sei dizer o que aconteceu comigo hoje. Se você parar eu te conto.

Eles sai andando e faz aquele sinal de "me segue" e sai entrando na porta redonda que abriu

Sigo ele bem confusa mas sem muita opção